“Eu não vou entregar nada! É tudo o que eu tenho!” — gritou a menina órfã que lavava a louça, apertando com força a bolsa esportiva contra o peito. O rico gerente do restaurante estava convencido de que tinha pego uma ladra — mas quando VIU o que havia dentro, CONGELOU na hora…

Chiril ficou paralisado, seu coração batia loucamente no peito. Tudo dentro dele gritava: “Mas que diabos tem aí dentro?!” Mas ele não conseguia mais parar.
Sua mão se moveu sozinha até o zíper da bolsa. Nadia tremia, mas não resistiu mais. Em seus olhos — lágrimas, desespero e algo mais profundo, algo que ele não conseguia entender.

Ele abriu a bolsa — e a primeira coisa que percebeu foi o cheiro. Quente, de leite e um leve toque de baunilha.
Dentro havia uma manta de bebê velha, gasta, mas cuidadosamente dobrada. Ao lado — uma garrafinha de água, um ursinho de pelúcia com uma orelha faltando… E, no canto, dormia um garotinho, enrolado em um cachecol.
— Isso é… uma criança? — sussurrou Chiril, incrédulo.
Nadia suspirou e colocou as mãos no peito.
— É meu irmãozinho. Ele tem um ano e dois meses. Eu… não podia deixá-lo sozinho em casa.
— E os seus pais?
— Mamãe morreu no ano passado, papai — ainda antes. Não sobrou ninguém. No começo, eu deixava ele sozinho em casa.
Mas os vizinhos começaram a bater na porta, ameaçando chamar o conselho tutelar.
E então, um dia… ele queimou a mão enquanto eu estava no trabalho. — Sua voz falhou. — Eu não aguento mais viver assim.
Chiril ficou em silêncio. Seu peito doía, como se alguém apertasse seu coração com força.
— Eu o trago comigo, mas… o escondo, com medo de que me mandem embora. Eu nunca roubei nada! — Ela enxugou as lágrimas bruscamente. — Eu o alimento com o que compro com meu próprio dinheiro. Isso… isso é tudo o que tenho nesta bolsa.
O garotinho se mexeu, abriu os olhos. Seus olhos grandes e cinzentos eram idênticos aos dela. Ele olhou para Chiril — e sorriu.
O sorriso de uma alma pequena e pura, que ainda não conhece a crueldade.
Chiril se agachou lentamente ao lado da bolsa. Lembranças vieram à tona — de como ele cresceu em um orfanato, de como sua mãe o criou sozinha, trabalhando em três empregos. De como, às vezes, eles comiam apenas pão com chá porque não podiam pagar por mais nada.
Ele fechou lentamente o zíper e se levantou.
— Você não precisa mais se esconder, — disse baixinho. — Vou montar um quartinho no porão para vocês. Lá é quentinho, tem uma cama. E vocês podem ficar juntos. Sem medo.
Os olhos de Nadia se encheram de lágrimas — mas não de medo, e sim de alívio. Ela apertou a bolsa contra o peito com as mãos trêmulas, não para protegê-la, mas para agradecer.
— Por quê…? — sussurrou ela.
— Porque eu sei como é não ter ninguém. — Ele olhou para o garotinho. — E eu não quero que ele cresça como eu cresci. Você é forte. E honesta. Eu preciso de pessoas como você ao meu lado.
Eles estavam de pé sob um poste de luz no pátio nevado do restaurante. Ao redor deles — silêncio, apenas a neve caía suavemente sobre o chão. E nesse silêncio, pela primeira vez em muito tempo, Nadia sentiu que não estava mais sozinha.
Passou um mês.
No porão do restaurante surgiu um pequeno quarto, com brinquedos, um tapete quentinho e um berço.
Nadia continuava a trabalhar, mas agora de cabeça erguida. E Chiril — ele parecia ter mudado. Estava mais gentil com os funcionários, sorria com mais frequência.
Às vezes descia com biscoitos para o pequeno, e ele corria até ele como se fosse um irmão mais velho.
Ele ouvia as histórias de Nadia e pensava em silêncio: Às vezes, o que há de mais valioso se esconde dentro de uma simples bolsa esportiva.